Definir - me?

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Curitiba, Paraná, Brazil
Um animal sentimental que se apega facilmente. Sereníssimo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Um dia de domingo.

Sentados no banco, víamos as pessoas passarem na rua e pensávamos o que elas faziam da vida.
A vida sempre é tão requisitada, e se fosse perdida? Enfim...
Vi um senhor com uma camisa cinza, calça social azul marinho e uma pasta a tira colo e disse que ele estava com pressa. Seu modo de andar apontava um atraso.
Minha amiga observava um rapaz, parecia estar com sono, coçava os olhos e bocejava muito.
Ela disse que achou seu rosto sereno e bonito, suas mãos eram grandes e seus dedos longos.
Seu cabelo se ajustava sobre os olhos conforme o vento soprava, de um lado ao outro.
Naquela tarde, o mundo inteiro havia parado para que eu minha amiga ficássemos o observando durante longas horas que passavam com o intuito de nunca acabar.
Nossas observações eram extremamente simples e sutis, falávamos mais o que queríamos ver do que o que realmente víamos.
Eu senti o vento soprando mais forte naquele minuto em que na esquina da minha rua, perto da praça em que estávamos, um carro vermelho passou "soprando" tudo que havia ao redor. Era algo triste.
A expressão da minha amiga mudou na hora e nossa tarde ficou cinza.
O meu medo era que aquela tarde acabasse sem que ao menos pudéssemos ver, juntos, o pôr do sol. Sempre fazíamos isso aos domingos.
Ela recebe uma ligação e sai sem se despedir.
Fiquei parado, não reagi.
Luto.
Eu sabia que um dia ele, nosso domingo, nos deixaria triste.
Ela a amava tanto.
Ela me disse que meses antes, o médico falou que o lugar afetado estava em más condições e que o tratamento não iria resolver.
Nossos domingos eram, nossos domingos. Era nossa fonte da juventude.
Aquele dia de domingo foi um dos que jamais esquecerei.

O amor disse para o ódio que não iria resolver nada até que o orgulho se colocasse no seu devido lugar. Dito e feito.
A tão requisitada vida se foi sem ao menos ver mais um pôr do sol, sentada com a gente, no banco em que todos os domingos ela ia buscá - la, sorrindo e com aquele carro vermelho.
Nunca mais eu vi o pôr do sol, nem o banco.
Assim fui envelhecendo.




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